- Este é um lugar muito pobre, longe de tudo. Como vocês sobrevivem?
- O senhor vê aquela vaca? Dela tiramos todo o nosso sustento - disse o chefe da família. - Ela nos dá leite, que bebemos e também transformamos em queijo e coalhada. Quando sobra, vamos à cidade e trocamos o leite e o queijo por outros alimentos. É assim que vivemos.
O sábio agradeceu a hospitalidade e partiu. Nem bem fez a primeira curva da estrada, disse ao discípulo:
- Volte lá, pegue a vaquinha, leve-a ao precipício ali em frente e atire-a lá pra baixo.
O discípulo não acreditou.
- Não posso fazer isso, mestre! Como pode ser tão ingrato? A vaquinha é tudo o que eles têm. Se eu jogá-la no precipício, eles não terão como sobreviver. Sem a vaca, eles morrem!
O sábio, como convém aos sábios chineses, apenas respirou fundo e repetiu a ordem:
- Vá lá e empurre a vaca no precipício.
Indignado, porém resignado, o discípulo voltou ao casebre e, sorrateiramente, conduziu o animal até a beira do abismo e a empurrou. A vaca, previsivelmente, estatelou-se lá embaixo.

- Claro que sei. Você está olhando para ela - disse o caseiro, apontando as pessoas ao redor da churrasqueira.
Incrédulo, o discípulo afastou o portão, deu alguns passos e, chegando perto da piscina, reconheceu o mesmo homem de antes, só que mais forte e altivo, a mulher mais feliz, as crianças, que se tornaram adolescentes saudáveis. Espantado, dirigiu-se ao homem e disse:
- Mas o que aconteceu? Eu estive aqui com meu mestre uns anos atrás e este era um lugar miserável, não havia nada. O que o senhor fez para melhorar tanto de vida em tão pouco tempo?
O homem olhou para o discípulo, sorriu e respondeu:
- Nós tínhamos uma vaquinha, de onde tirávamos nosso sustento. Era tudo o que possuíamos, mas um dia ela caiu no precipício e morreu. Para sobreviver, tivemos que fazer outras coisas, desenvolver habilidades que nem sabíamos que tínhamos. E foi assim, buscando novas soluções, que hoje estamos muito melhor que antes.
Pois é amigos, quantos de nós ainda sabe quais são nossas habilidades porque estamos acomodados com o status quo? E não fazemos o que gostamos o que nos dá prazer, porque não queremos mudar, temos medo da mudança.
No filme Amor sem Escalas, George Clooney tem como função além de dar palestras motivacionais, demitir funcionários, oferecendo-lhe um plano de recolocação, é claro que ninguém acha uma boa ser demitido, mesmo com um programa de benefícios que envolve até recolocação, todos reclamam, a questão principal é como lidar isso com os filhos e esposa, já que seu padrão de vida deverá ser reduzido.
Um caso me chamou a atenção, um senhor estava quase chorando, dizendo porque seus filhos teriam de trocar de escola, mas o que me chamou a atenção é que no currículo do demitido, Ryan Bingham (George Clooney) percebe que ele fez curso de culinária e trabalhou em restaurantes finos.
Ele pergunta porque mudou de emprego recebe como resposta US$90.000,00 anuais e plano de saúde, Clooney pergunta se ele esta feliz, a pessoa diz sim, pois pode dar conforto para a família, Clooney insiste, e o funcionário abre o jogo, ele gosta de trabalhar em restaurante e gostaria de ter o seu, mas como o ganho era bom... A demissão deste funcionário foi a vaquinha da família em questão. Não sabemos que deu certo ou não, mas pelo semblante do homem, as chances de sucesso são grandes.
Outra cena foi a funcionária que descreveu uma ponte próxima a sua casa, de onde ela iria pular dela, pois iria se matar. Neste caso, ela não via um mundo sem sua vaquinha.

Como você lida com a mudança é fundamental. No primeiro momento ela é difícil, pois exige que você altere seu modus operandi, e normalmente você não quer mudar, pois quem tem de mudar são os outros, afinal, você faz tudo direito. A família mudou e teve sucesso.
Não precisamos esperar que a mudança seja gerada por terceiros, nós podemos e devemos gerar mudanças constantes em nossas vidas, não precisa ser mudanças grandes, para treinarmos podemos começar com pequenas mudanças, como por exemplo o caminho que fazemos até a padaria, se você perceber verá que sempre faz o mesmo caminho, ou por ser mais perto, mas prático ou costume.
Vamos identificar qual é nossa vaquinha, empurrá-la no abismo, desenvolver nossas habilidades e viver melhor.
Abraços a todos.
José Antonio Gagliardi.
2 comentários:
Olá José.
Como sempre seu texto é muito bom.
Vou identificar minha vaquinha e dar fim nela!!! rsrs
Realmente nos acostumamos com nosso padrão de vida mesmo que precário e temos medo de mudar ,pensamos que mudando pode ficar pior ,mas esquecemos que as chances de ficar "melhor" são as mesmas !!!
Até mais.
Nós blogueiros sempre estamos gerando mudanças...não é mesmo JGaliardi. Passei por aqui para uma olhadela em seu blog. Parabéns. AT+
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